A decepção com o artista

Olá pessoas, como vocês estão?

Como é amargo o sabor de descobrir que o autor daquela obra que você tanto ama se revela alguém totalmente repugnante, com ideias controversas, ou até um criminoso em potencial.

Sempre que sai um caso na mídia sobre algum podre de um artista é levantada aquela antiga discussão: Será que tem como separar a obra do autor? Isso me trouxe a querer explorar um pouco dentro de mim como eu me sinto em relação a isso, principalmente após o grande escândalo envolvendo o Neil Gaiman e suas acusações.

Para caso você não esteja ciente do que aconteceu, o jornal Vuture publicou uma matéria sobre mulheres que relataram sofrer assédios sexuais do autor, uma que ficou em destaque foi a ex-funcionária Scarlett Pavlovich que contou a Vuture várias situações horríveis pelo qual ela passou com ele. A matéria é extremamente extensa e se você for conseguir ter acesso a ela tenha ciência de que as alegações e os detalhes do que foi relatado são bem gráficas, nojentas e cruéis. Inclusive com a repercussão da mídia e a proporção que o caso tomou,  é sabido que a Scarlat processou tanto o autor como sua ex esposa que fingia que não via o que estava acontecendo.

Assim como eu, muita gente foi pego desprevinido com o autor, inclusive é até triste saber que tudo isso aconteceu sendo que ele era um dos escritores que estavam na minha lista de leituras devido um grande público segui-lo e ressaltar muito de sua obra, inclusive o que mais me atentou a conhecê-lo foi após ver o seriado da Netflix chamado Sandman e o seu quinto episódio que para mim era uma obra prima de como é lidar com a morte.

Depois de tantas revelações, várias perguntas sugiram dentro da minha cabeça: Será que eu conseguiria separar o autor de sua obra e consumir aquilo que foi escrito? Depois de lançada, a obra ainda é do autor ou passa a ser de nós leitores? O fato é que eu não tenho essas resposta e nem estou aqui para respondê-las, mas prometo que vou tentar destrinchar um pouco.

Além disso, podemos falar do meu artista cancelado?


Eu me considero cria de Harry Potter, lembro de quando o primeiro filme saiu eu ficava alugando o VHS todo fim de semana para assistir repetidamente e quando eu descobri que aquilo era uma série de filmes, eu pirei ainda mais. O HP não só me fez esperar horas na fila do cinema como também me incentivou na leitura e muitos leitores se identificam com isso, afinal é um mundo muito rico para influenciar crianças e adolescentes a consumirem e despertar essa paixão para leitura, inclusive muitos de nós fomos leitores fiéis de outras obras que a J.K Rowling lançou depois de concluir a série, mas tudo acabou quando veio o banho de água fria com os tweets transfóbicos dela sobre não considerar mulheres trans como mulheres, atacando um grupo que já é minoria dentro de outra minoria.

Confesso que após todas as polêmicas envolvendo a autora eu criei uma raiva da obra, não consegui desvincular aqueles personagens daquela mulher, eu inclusive parei de consumir muita coisa de HP e até o sonho de visitar um dia o parque da Universal foi para o ralo, eu não queria mais saber dos bruxos e suas bruxices.

Mas o tempo passou e a saudade começou a bater um pouco, era uma menção ali, outra aqui. Eu olhava para estante e via os meus livros, até que eu dei o braço a torcer e comecei a assistir os filmes do qual eu mais gostava e aos poucos fui cedendo enquanto que na minha mente os questionamentos surgiam: Será que eu to ajudando aquela escrota? Será que eu deveria boicotar? Eu estou sendo errado em querer assistir de novo uma série da minha infância?

São muitas perguntas para poucas respostas, porém eu comecei adotar um padrão do qual eu me sinto confortável e que não é forçado para mim. Os filmes eu já tinha ganho de presente muito antes das polêmicas, portanto eu os assisto quando dá vontade colocando o DVD dentro do PS3 e deixo me levar pela história do filme, inclusive de vez em quando eu posto um stories falando de qual cena mais me chama atenção. Outra é que eu não compro mais nada do mundo HP, a minha vontade de se aprofundar ainda mais naquele mundo se esvaiu e eu também já tenho tudo que preciso.

Além disso, eu me tornei um grande crítico dos bruxos, afinal depois de anos visitando obras de outros atores criou-se um repertório de estórias e portanto o meu senso crítico se desenvolveu com uma visão mais aguçada para os problemas de narrativas que estão no Harry Potter do qual eu acho interessante de pontuar, mas não a ponto de demonizar, até porque é um livro infanto-juvenil e o mesmo tem um grande papel para desenvolver novos leitores.

Por último, podemos falar dela?

Muitos dizem que piratear um autor controverso não é uma violação de um crime e sim reparação histórica e sinceramente? Acho que estão corretos. Apesar de muitos autores já terem ganhado seus milhões com suas obras, muitos optam por recorrer a pirataria não exatamente com o intuito de levar o autor a falência, mas de não compactuar com o financiamento do mesmo ao comprar algum livro ou colecionável. A questão não é sobre dar ou não dinheiro e sim se sentir confortável ao deitar no travesseiro e saber que não está ajudando um suposto assediador por exemplo a viver uma vida ainda mais confortável.

O que posso concluir é que não há uma resposta realmente direta para isso, muitos defendem a ideia de que uma vez que a obra é lançada ela não pertence mais ao autor e sim aos seus leitores que vão dar sentido aquilo, outros discordam por saber que mesmo que a obra pertença ao mundo, o valor da compra ainda beneficia aquele que a desenvolveu.

Outros acreditam que você pode fazer um consumo consciente e dependendo do sentido que você dá aquele consumo o exime da "responsabilidade" de estar financiando aquele autor, além de claro sempre analisar com um olhar crítico de quando foi escrito, em que contexto e o que o autor queria dizer com aquilo.

Para alguns não importa, afinal pessoas escrevem ficção e por se tratarem de seres humanos, muitos deles vão ser controversos e portanto não faz diferença, pois toda pessoa por trás de uma obra é controversa e portanto se formos atrás de cada um, acabaremos não consumindo mais nada.

Por fim, há um grupo de pessoas que dizem para você fazer o que quer fazer, independente de quais recursos você irá utilizar para experimentar aquele livro, filme, música e etc. E acredito que esse pode ser o fechamento desse texto, faça aquilo que você acredita que será melhor para a sua consciência e experimente, você não será um criminoso por isso... Ou será que vai?

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Comentários

  1. primeiro: muito obrigada por aparecer no meu blog! amei receber sua visita e carinho.

    segundo: acho bem complicado essa questão de autor vs. obra. acredito que em alguns casos os autores acabam colocando sua visão de valores e caráter na obra e aí me questiono: o que é o sentimento e o que é pura ficção? não há como descobrir.
    nesse assunto, confesso que fico em cima do muro. acompanhei os casos citados pelas redes sociais e fiquei em completo choque com ambos, mas como nunca tive contato com nada do autores além da série e dos filmes, não sei como opinar. acredito que nunca chegaremos em uma conclusão quanto ao assunto.

    Beijo enorme ♥️ | Quase Aurora

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    1. Oi Karina, obrigado por aparecer aqui também :)

      Sim, é um tema complicado e confesso que muitas vezes também fico um pouco indeciso de que medida tomar referente a essa questão e realmente, acho que será difícil chegar numa conclusão.

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  2. "Muitos dizem que piratear um autor controverso não é uma violação de um crime e sim reparação histórica" Amei???

    Essa é uma excelente pauta pra bar. Poderia ficar horas falando sobre isso, e ainda assim não chegar em uma conclusão no final. É muito complicado separar artista de obra, e fico muito triste em me sentir "errada" ao gostar de consumir a arte de pessoas que não são legais. Mas ao mesmo tempo não consigo me "desatrelar". Em casos onde eu ainda não tive contato com o artista, acabo perdendo total o interesse.

    Beijos,
    Brenshelf

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    1. Kkkk realmente é uma ótima pauta para bar.
      Eu compreendo totalmente, para mim é difícil desgarrar do HP por ter esse vínculo da infância, mas para outros autores que não tive contato é um pouco mais fácil, mas ainda me gera a curiosidade de ler a obra.

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  3. Com o passar dos anos aprendi que as pessoas (artistas ou não), podem ser as duas coisas, brilhantes em algo e completamente negros noutras coisas, Saber separar as coisas boas das más é fundamental, pois afinal de contas ninguém é perfeito!

    Bjxxx,
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    1. Interessante ponto de vista, realmente é algo bem importante para se considerar ao pensar sobre isso :)

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