Guarda o seu cartão e pare de comprar o que você não precisa

Olá pessoas, como você estão?

Um pouco antes das festas de final de ano em 2024, naquele momento em que a gente começa a procurar presente para dar para os familiares, amigos, amores e etc, eu comecei a perceber o quanto eu gastava com superficialidade. Isso aconteceu principalmente após receber o meu décimo terceiro salário e pensar: Ok, é bastante dinheiro, então guarda!

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Eu sempre fui um cara mais ecônomico, mas não há ponto de ser um exemplo, já que como qualquer ser humano eu também estou exposto e vulnerável ao consumismo que trabalha dia e noite para encontrar as melhores formas de capturar nossa atenção e nos fazer querer comprar aquilo que não necessariamente precisamos. Com aquela falsa promessa de que comprar o celular de última geração irá suprir todo o vazio que há dentro de nós.

Portanto, mesmo eu estando consciente de que é necessário guardar dinheiro, por algumas vezes eu tomei alguma decisão ruim que me fez ficar apertado durante 1 ou 2 meses, foi o suficiente para eu aprender através da dor como é importante economizar e ter alguns trocados guardados/investidos para haver ao menos um respiro se tudo for por água abaixo.

Se alguém hoje me perguntar qual é o maior medo dentro dessa rotina capitalista, o meu é de ficar endividado a ponto de que não conseguir mais bancar um lugar para morar, ou comprar comida. Eu tenho respaldo dos meus pais, mas não é para sempre que eles vão estar lá para me resgatar se tudo der errado. Além disso, é muito evidente como esse sistema foi arquitetado para nos tornar refém de nós mesmos, de travarmos uma batalha incessante contra o cartão de crédito, de vender a nossa vitalidade, tempo e liberdade em busca de liberar aquela dopamina rápida em nosso cérebro ao ouvir a campainha do correio chegando.

Gif retirado do Giphy

Depois dessa auto análise em minha vida eu comecei a perceber o quanto de coisas que eu tenho e não uso, ou uso bem pouco. Algumas dessas coisas muitas vezes estão guardadas dentro de uma caixa simplesmente porque no momento da compra eu apenas buscava amaciar o meu desejo e a felicidade instântane de consumir. É a aquela busca de suprir o vazio, só que depois de pensar muito sobre isso eu fui percebendo que eu não estava comprando algo que me auxiliaria de alguma forma, era como se eu estivesse comprando ilusões travestidas de realidade, como se estivesse tentando comprar uma felicidade enlatada que não existe.

Penso que é muito traiçoeiro essa felicidade rápida que vem ao receber um pacotinho do correio, porque o processo pode subverter da compra para um vício na busca de gerar dopamina ao receber o produto em casa. Inclusive, eu estava assistindo um vídeo de um rapaz americano falando sobre o processo dele de comprar jogos, em que ele estava comentando que no começo do canal  o objetivo era apenas criar vídeos para falar das caçadas de jogos raros em que ele gostaria de ver em sua coleção, porém com o tempo o que era para ser uma diversão em colecionar jogos acabou se tornando um vício. Não se tratava mais em buscar um jogo de que ele gostaria de usufruir, era tudo pela compra, pelo prazer de ter aquele pacote em casa, retirar o jogo do plástico, abrir a mídia, ver como foi feito, colocar na prateleira e esquecer enquanto a mente já pensava na próxima compra.

Isso me mexeu muito comigo, pois eu comecei a olhar tanto para os meus jogos como para a minha estante de livros, era ridículo o quanto de coisa que eu tinha que ainda não havia usufruído. Só na minha contagem de livros tinha 18 e para jogos tinha 20. Aquilo bateu forte na minha consciência em perceber o quanto eu estava gastanto com coisas que eu nem iria conseguir consumir no ano e a partir dali eu tive que começar a repensar muito do que consumo.

Para os livros, eu tive que separar uma prateleira visível com todos aqueles não lidos para que eu consiga vê-los e sempre me lembrar de que não é hora de comprar coisas e sim de consumir aquilo que já está ali, o mesmo foi para os jogos que eu provavelmente vou levar mais de 1 ou 2 anos para finalizar já que são mídias muito grandes, eu os coloquei também numa pilha separada e até me dá um pouco de vergonha alheia ao ver que tem muitos títulos ali que fazem mais de 2 anos que estão guardados esperando que eu os jogue.

Gif retirado do Tenor

Para mim é extremamente desconsertante observar como a nossa sociedade se tornou disruptiva e piora a cada dia que passa. O ser acabou sendo substituído pelo ter, somos analisados pelos bens de consumo que temos e não por aquilo que somos, muitas vezes buscamos isso até em nossas relações, quantas vezes você já ouviu de alguém ou até de você mesmo que gostaria de casar com alguém rico? Os caras que comandam esse sistema quebrado foram tão eficientes em seu plano maquiavélico que nós estamos aqui, adoecendo sem acesso as coisas mais básicas enquanto eles usufruem do nosso sangue e suor. Enquanto estamos aqui nos degladiando em busca de um mínimo conforto, eles estão sentados em seus tronos com um copo de whisky na mão rindo de nossos corpos mutilados.

Para finalizar, eu preciso mencionar que mesmo após ter essa consciência, o processo de relembrar que muitas coisas não são necessárias ainda é difícil, é como se eu estivesse em uma prisão que me forçasse a todo momento ficar olhando para uma tela que mostrasse todas as coisas legais que eu quero ter, para me deixar sedento por aqueles produtos buscando encontrar algum propósito em ter mais coisas, como se a vida fosse apenas isso.

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