Não quero viver nas sombras
Olá pessoas, como vocês estão?
Ser um gay no interior é algo realmente bem desafiador, não só porque há muito menos dos nossos por aqui, mas porque o preconceito está muito mais presente nesse lugar.
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Foto de Dmitry Ratushny na Unsplash |
O problema de viver no interior é que a grande maioria (se não todos) dos encontros ocorrem de forma marginalizada, e aqui utilizo desse termo para me referir a algo como escondido ou inapropriado, em que todo o encontro acontece de forma em que as duas partes precisam se encontrar de forma sigilosa, andando através das ruas menos movimentadas da cidade para não serem vistos.
Homens com local sempre tem uma maior probalidade de conseguir parceiros, pois assim há uma forma melhor de deixar tudo mais escondido e oculto possível, para que assim que passar o êxtase da excitação, cada um possa seguir para a sua vida sem criar nenhum tipo de conexão. E se por ventura ocorrer de se encontrar na rua, é melhor agir como se não se conhecessem e tivessem trocado horas de intimidade, para não chamar à atenção.
Esse tipo de "encontro" as escondidas soa como se você realmente estivesse fazendo algo de errado, como se você fosse um criminoso do qual ainda não descobriram qual crime você cometeu, enquanto você se esconde nas sombras da cidade em busca de um prazer proibido.
Isso também vai para o espaço virtual, se permitir criar um perfil em que há fotos suas de rosto, nome e uma boa descrição é atestado de que é melhor evitá-lo, pois como assim você quer ser alguém real numa comunidade marginalizada? Sem contabilizar a quantidade de vezes em que a mensagem "preciso de sigilo" é recebida. Inclusive com os anos eu comecei a odiar essa palavra sigilo, pois ela vem carregada com uma energia negativa, algo que pesa demais, pois ela trás essa marginalização de que ninguém pode saber, você vem aqui, a gente goza e depois seguimos sem nos ver.
Acho que muitos homens acabam confundindo o sigilo com discrição, pois eu me aceito como sou e a minha família está tranquila referente a isso dentro do possível, portanto para mim a discrição é não só uma forma de evitar que outros fiquem xeretando a minha vida, como também uma forma de defesa para evitar as pessoas que abominam pessoas como eu, como nós.
Por isso que eu escrevo esse texto como forma de desabafo, porque a única coisa que quero é ter um parceiro, um namorado, um marido que seja cúmplice, que desenvolva comigo uma relação saudável e que a gente somente viva as coisas do cotidiano normalmente, nós não precisamos colocar uma faixa grande dizendo que somos gays, não é o que quero! O que desejo é apenas viver uma vida normal ao lado do homem que eu escolhi e que me escolheu para passar pelas adversidades, desafios e bons momentos de uma rotina, nada além disso.
A única coisa que preciso mais do que nunca é me sentir apenas normal.
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